Muitos de nós sentimos uma necessidade intensa de controlar nossas vidas. Isso nos torna rígidos, desconfortáveis com o inesperado, mantém-nos presos aos planos e resultados que temos projetados e relutantes em considerar outras opções.

Essa inflexibilidade dá um senso de segurança pois, na verdade, nos sentimos muito vulneráveis. É por isso que tentamos proteger e controlar. E quando as coisas não vão do jeito que queremos, explodimos, sentimos raiva, porque isso nos expõe a sentimentos de insegurança e medo.

Quando a nossa rigidez é afetada (como quando as crianças se comportam mal, quando uma reunião é reagendada inesperadamente, quando é feita uma mudança na equipe de trabalho, quando seu parceiro diz algo impróprio num jantar, quando a nossa autoridade é questionada), sentimos que a barragem começa a quebrar, e aí vem a vulnerabilidade.

Tentamos nos proteger construindo barreiras na forma de fortes opiniões e planos detalhados, mas não percebemos que isso acaba nos isolando e se tornam como as paredes de uma fortaleza: pensamos que assim mantemos o inimigo à distância, mas na realidade ficamos confinados. Pode ser que isso mantenha os inimigos longe, mas também os amigos. Perdemos a oportunidade de nos unir, por causa da estrutura e do controle, e tão desprovidos de emoção que terminamos não nos conectando com outras pessoas num sentido profundo.

Há alguns anos, a filha de uma das minhas alunas foi assassinada pelo marido na frente de seus dois filhos pequenos. Eu não posso imaginar a dor, raiva e descrença que deve ter surgido nessas pessoas queridas que deixou para trás. Que perda mais dolorosa para todos os envolvidos! Mas o aspecto verdadeiramente surpreendente do que aconteceu foi a reação da minha estudante: ao longo deste calvário, sustentada pela prática do meu sistema, ela permaneceu focada no presente, permitindo-se abraçar, passar pela dor e permanecer como o apoio que virou para seus dois netos, a partir daquele momento.

Quando o impensável acontece -quando nos deparamos com as transformações mais trágicas e indesejadas-, podemos ainda, ancorados no amor-consciência, encontrar tranquilidade no meio da turbulência. Mesmo na frente de uma horrível dor, precisamos confiar que a transformação está acontecendo. Começamos a reconhecer as lições aprendidas nos momentos mais difíceis da nossa vida, com o passar do tempo.

Abraçar a incerteza oferecida pela magia da vida não se apega a resultado algum. Seja vulnerável e inocente e descobrirá uma nova alegria: a alegria sem limites de uma criança, essa criança de quem você se afastou há muito tempo. Concentre-se na alegria: naquilo que você se foca, cresce, para criar uma vida cheia de surpresas agradáveis.

Tomado por Somos todos um