Imagine que você é um projetor, brilhando sua luz sobre uma parede branca. Agora imagine que um slide é colocado nesse projetor, mostrando uma imagem perturbadora. Você não gosta do que vê e tenta olhar para outro lugar, mas a mesma imagem aparece onde quer que você olhe. Ai você tenta quebrar a parede, mas a mesma imagem se mostra na parede seguinte. Você foge, mas não adianta, a imagem continua aparecendo. Assim é a nossa tentativa de mudar o mundo. Nunca estaremos satisfeitos até que finalmente entremos dentro de nós mesmos e mudemos o slide.

Quando eu tinha 28 anos, perdi tudo. Quando isso aconteceu, pensei que esse seria o pior ano da minha vida, mas na verdade foi o melhor. Foi o maior presente que podia ter recebido, porque fez eu me encontrar. Tive que encontrar algo maior e mais seguro, o amor incondicional. Quando começamos a nos curar, encontramos esse lugar. Um lugar tranquilo e doce, onde podemos sentir alegria e que também é a fonte da nossa sabedoria interior. Este lugar conhece a verdade e fala da onisciência. Quando começamos a nos conectar com esse lugar, esse espaço de unidade, descobrimos nossa verdadeira essência. Isso é o que o coração anseia.

As transformações futura não são importantes. O importante é o que estamos escolhendo neste momento. Pergunte-se: Estou escolhendo o amor? Estou escolhendo ser responsável? Estou escolhendo mudar minha vida? Estou colocando o amor incondicional acima de tudo e confiando? Quando vejo a insegurança no exterior, escolho cultivar a segurança interna? Estou evoluindo ou me isolando no medo?

Se você for para dentro de si mesmo, vai começar a encontrar respostas, suas respostas, não as minhas, estas não são importantes. Isto não é uma filosofia ou um sistema de crenças, trata-se de encontrar o guru dentro de você e assumir a responsabilidade. Sempre queremos alguém para nos corrigir, mas não é tão simples como mandar o carro para o mecânico. Temos que ir fundo, e essa é a maravilha de poder explorar a si mesmo: é a coisa mais enpolgante, o único território desconhecido que restou para ser descoberto. Quando começamos a nos descobrir, nos surpreendemos com o quão incríveis somos e quão corajosas foram nossas escolhas até agora.

Você pode me acompanhar na próxima parte do filme “Por que Caminhar se Você Pode Voar?” para aprender a quarta faceta, abraçando a experiência da Unidade.

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Bem, agora já temos a quarta faceta para completar as outras três:

Om unidade.

O que é Om? As culturas antigas notaram que havia uma essência subjacente semelhante em todas elas, e uma palavra foi encontrada para descrevê-la. Em sânscrito, a mãe de todas as línguas, essa palavra é Om .

OM é a vibração que permeia tudo no universo. O som de Om vibra no nível mais primordial com toda a existência.

Na quarta faceta juntamos o Om com a unidade. Vibrar na profundeza do Om, enquanto mantemos o foco na união que existe além da aparente separação do Universo, focaliza o cérebro diretamente na qualidade, no sentimento e na presença da unidade. Uma perfeita harmonia é criada na mente que depois é ancorada no coração, ressonando no cume do amor-consciência puro, irradiando para toda a criação.

Dessa forma, a quarta faceta completa as outras três, dando uma base à experiência que temos desenvolvido dentro da profundidade silenciosa da unidade.

Vamos agora praticar esta faceta durante 20 minutos da seguinte maneira:
1. Sente-se confortavelmente e feche os olhos. Permita que os pensamentos venham e passem suavemente. Não tente pará-los, não tente entrar num estado de não-mente. Ao invés disso, deixe vir naturalmente o que quer que seja.

2. Agora pense: Om unidade. Pense sem fazer esforço algum, como se este fosse um pensamento como outro qualquer, sem se concentrar nem tentar entender o seu significado.

3. Enquanto você pensa a faceta, coloque a atenção na área do seu coração.

4. Depois de ter pensado a faceta, deixe um espaço e faça uma pausa. E ai repita a faceta, colocando a atenção no coração e novamente deixando um espaço.

5. Continue assim durante vinte minutos. Pode dar uma olhada no relógio para controlar o tempo.

Não pense a faceta repetidamente, sem interrupção, como se fosse um mantra. Sempre deixe um espaço de uns segundos entre cada repetição. É possível experimentar paz e silêncio nessas pausas, porém também é possível que venham pensamentos. Às vezes pode acontecer de você esquecer a faceta, mudar as palavras ou o ponto de atenção. Se isso acontecer, assim que perceber, pense novamente a faceta como foi explicado acima. Tudo que acontece naturalmente durante a prática é perfeitamente normal. Apenas lembre-se: quando perceber que não está pensando a faceta, escolha pensá-la novamente. Agora vamos fechar os olhos e praticar por 20 minutos.

Quando terminar:

Você já tem as quatro facetas:
Louvor ao amor por este momento em sua perfeição.
(Atenção: profundamente no coração.)
Graças ao amor por minha experiência humana em sua perfeição.
(Atenção: profundamente no coração.)
Amor me cria em minha perfeição.
(Atenção: profundamente no coração.)
Om unidade.
(Atenção: subindo da base da coluna até o topo da cabeça.)

Com a prática destas facetas e os outros ensinamentos do curso, você conseguirá ir se amando incondicionalmente. Talvez as facetas pareçam ser muito simples, mas quanto mais você praticá-las, mais poderá apreciar a profunda ressonância que produzem dentro do seu ser.

Enfoque do dia: Esvaziar a xícara

Um mestre zen japonês recebeu a visita de um professor universitário. O motivo da visita era saber um pouco mais sobre o zen. Mas antes de responder, o mestre ofereceu um chá para o professor. A cerimônia do chá japonês é um tanto longa e complexa, e o cientista foi ficando cada vez mais impaciente, enquanto o mestre ia tranquilamente fazendo todos os passos do ritual.

Quando o chá ficou pronto, o mestre começou a encher a xícara do visitante. A xícara já estava cheia, mesmo assim ele continuou enchendo com mais e mais chá, fazendo com que o líquido desbordasse. Neste momento, o professor não aguentou mais e disse: “Chega, já está cheia, não cabe mais!”

“Do mesmo jeito que esta xícara”, disse o mestre, “você também está cheio de opiniões e ideias próprias. Como posso ensiná-lo, se você ainda não esvaziou a sua xícara?”

No mundo moderno, aprendemos que acumulando coisas – ideias, bens, conhecimentos, experiências – encontraremos a plenitude, mas a verdade é que uma vida vibrante e verdadeira surge de estarmos vazios.

Ao inundarmos nossos sentidos com um aluvião interminável de estímulos e distrações, enterramos o tesouro mais grandioso de todos: nosso próprio ser.. No fundo, por baixo de todas as ideias, preferências, opiniões, medos e lembranças, está o seu ser verdadeiro e eterno: aquilo que chamo de amor-consciência. Sempre esteve e sempre estará aí. Esse ser está escondido num nível mais profundo, porém esconde-se atrás das “coisas” que mais valorizamos. Só quando nos esvaziamos é que descobriremos nosso tesouro mais precioso. O vazio está cheio do que realmente queremos e precisamos.

Nos apegamos a estruturas que nos são familiares por pensarmos que nos definem. Embora isso nos cause sofrimento, a alternativa é ainda menos desejável. Nosso medo às mudanças é, em última instância, o medo de perdermos a nossa identidade. Sem o nosso sistema de crenças, preferências políticas, opiniões e até mesmo nossas personalidades, o que seria de nós?

Essas ideias sobre o mundo e sobre o nosso lugar nele nos dá uma certa sensação de controle: sabemos onde estamos e sabemos o nosso lugar em relação a tudo e a todos. Mas será que essa ilusão de controle traz felicidade? Para a maioria de nós, a resposta seria não!

Portanto, para encontrarmos uma nova visão da vida, devemos estar dispostos a soltar nossas velhas ideias e opiniões. Em vez de nos agarrarmos rigidamente a elas, estagnados e resistentes à mudança, devemos estar abertos para receber e dispostos a evoluir. A evolução é a natureza do amor-consciência. O que é que impulsiona a evolução? A mudança. Sem mudança não há crescimento nem vida. A rigidez – a resistência à mudança – é a morte. A vida deve se adaptar para sobreviver: para avançar, devemos estar dispostos a nos transformar, soltando as coisas velhas.

Quão libertador é estar vazio! Não ter opiniões ou ideias, nem limites ou resistências. Dizer sim ao Universo, dizer sim a toda criação a partir de um lugar feliz surge de poder abraçar a vida sem interferir, de poder se entregar à doce rendição do que é, de se apaixonar pela própria realidade atual. Esta é a verdadeira história de amor, do amor de uma pessoa por ela mesma, pela própria vida, pela alegria de ser.

Até mais!